Banda Forte

Na ordem: Bruno di Lullo, Bem Gil, Leandro Floresta, Rafael Rocha. No meio, Ana Cláudia Lomelino. (foto por J. Bispo)

Ao contrário da maioria das excelentes bandas independentes em atividade no Rio (Brasov, Binario, Do Amor, Letuce, Paraphernalia, Kassin, Rubinho Jacobina, Jonas Sá, Rabotnik, Abayomy, entre outras), que eu conheci em apresentação, a banda Tono chegou aos meus ouvidos pelo disco “auge”, de estréia, lançado em 2009.

Do natal em que eu ganhei o disco, até o primeiro show, eu fui pura ansiedade. Despretensioso, bonito, competente, original, artístico: o disco é uma obra de arte viciante. Pop, bem elaborado, com timbres e efeitos surpreendentes e ultra melódicos. O envolvimento e compulsão que ele causa só não irrita pela inegável complexidade e originalidade do som. Você nunca ouviu nada igual, cheio de efeitos e timbres inidentificáveis, mas parece que você conhece a vida inteira. Como se ele estivesse sempre estado ali, na estante, entre Beatles e Mutantes. Na cozinha, dizem que uma comida realmente é bem feita quando você usa muitos ingredientes e eles parecem poucos e coerentes. É bem nesse sentido que eu afirmo que Tono, em primeiro lugar, é UMA DELÍCIA. 

Falando em cozinha, a banda é capitaneada, na batera e no vocal, pelo genial Rafael Rocha (Brasov, Binário, Rabotnik , e, recentemente alçado a baterista da Adriana Calcanhoto). Compositor prolífero, instrumentista impecável,  já o vi  improvisar maravilhas de, literalmente, debaixo do bumbo e “tocar” até uma cadeira de bar. Se eu tivesse direito a uma aposta do coração, diria que ele é o homem do ano que segue.  Sua cara – tecnicamente irrepreensível – metade na banda é o baixista Bruno Di Lullo. Se música fosse mesmo amor, os dois deveriam casar. Parceiros no já clássico Binario (de onde sairam também o multiintrumentista Lucas Vasconcellos, da banda Letuce, e outra meia dúzia músicos freaks: Fabio Lima, Eduardo Manso, Estevão Casé, Bernardo Palmeira… usa o google aí no pessoal, vai.) e no Rabotink, a fluência entre os dois é um dos pontos altos da banda e dos shows.

Rafael Rocha improvisa em uma cadeira.

Na guitarra, Bem Gil é um poético e preciso seguidor da filosofia menos é mais. Sem exibicionismo, Bem constrói uma identidade musical própria, uma assinatura consciente e bonita, encaixada quase por mágica, no conjunto de temperos da banda.  Leandro Floresta toca flauta, um microkorg, violão, e certamente apronta mais alguma coisa que ainda me foge. Na presença simples, palpável, sexy e elaborada dos dois acho que mora a veia mais beatleaniana dos tonos. 

Completa o quadro Ana Cláudia Lomelino. Não sei porque, como, ou quando eles decidiram que a banda deveria ter um vocal feminino. Mas parece que a idéia saiu da cabeça de um produtor malvadão, com anos de estrada e uma visão premeditada de mercado. É tão impactante, tão certo, tão incrível e único. Com um timbre á la Nara e uma presença tropicália, Ana quebra tudo e arrebata corações.  Nos shows, sua performance é suave na mesma medida em que é livre  e despudorada, impondo ao público o peso onírico e até um pouco pertubador (como qualquer mitologia) da banda. A banda já é um todo sem ela, mas é na Ana que o Tono te detona (meninos e meninas, ok?)

Nos shows eu tive o prazer de me viciar em várias canções que não estão no disco de estréia (e estarão em breve no segundo disco), tive o prazer de ouvir versões de músicas tão surpreendentes quanto apropriadas (de Kaled, a blondie, passando pela música lusitana) tive a felicidade de ver que ao vivo eles conseguem te ganhar tanto quanto naquele disco, que vai ser o meu eterno presente do natal de 2009. Se você quiser ter essa oportunidade também, a banda se apresenta NESTE SÁBADO, no TEATRO ODISSÉIA dentro do festival fazedor de sucesso ABRIL PRO ROCK

bem bom, música portuguesa

improvável e maravilhosa fonte original

Para você se familiarizar, vale o myspace tonoauge. Que eu sugiro que os senhores ouçam de fone. Se aparecerem pelo Odisséia no sábado, aposto que vão tirar onda com os amigos daqui a uns dois anos. 

 PS: Antes que vocês digam que eu só escrevo bem das paradas. Ninguém me paga pra escrever, então se for pra falar mal, prefiro não falar nada. Acho que existe um paraíso musical nessa cidade e luto para que ele seja descoberto.

11 Respostas para “Banda Forte

  1. Excelente definição da banda, parabéns…

    TONO!!!

  2. Resenha muito concisa e cheia de paixão, Pedrão.Estaremos lá, certeza. 🙂

  3. Yey, que bom Mitsu, querido 🙂

  4. Ótimo release! Curti a versão do portuga tbm!

  5. A propósito, bela foto a da banda (primeira foto do post), mas o fundo estorou LEGAL, ficou especular e perdeu um monte de informação sobre a parede =/

  6. muchas gracias, pedro.

  7. lindo!!!
    só não concordo com o casamento de verdade entre o rafa e o bruno hehe ; )

  8. Cheio dos detalhes sutis, cheio das “coisinhas” que fazem a gnt querer ouvir a banda.

    E ó, tu não tá mentindo.

    Mas o melhor é como tu quebra qualquer um que leia isso, com o teu post scriptum. haha =D

  9. rafael rocha é um cara que respira musica. Desde a época da escola ele ja era talentoso. O mais engraçado foi o tempo passando e eu sempre esbarrando com ele tocando em shows, teatro, enfim, esbanjando a multiplicidade de talentos que ele tem 🙂 bom agora ve-lo aqui e saber que ele não desistiu da música ! seria uma perda lastimável ! Boa sorte pra banda !

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